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Comentaristas da globo criticam tentativa da CBF de usar vídeo em jogos; você concorda?

Arnaldo Cezar Coelho, Leonardo Gaciba e Renato Marsiglia apontam problemas na ideia de criação do Árbitro de Vídeo para analisar lances duvidosos

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12/09/2015 às 17h30

Arnaldo critica tentativa da CBF de usar vídeo nas decisões dos árbitros (Foto: Reprodução Spor

A CBF tentará convencer a Fifa a autorizar o uso de vídeo em jogos do futebol brasileiro. A solicitação partiu da Comissão Nacional de Clubes e foi atendida pelo presidente da entidade máxima do esporte no país, Marco Polo del Nero. Se aprovada, a medida será uma revolução na arbitragem. Nascerá a função do Árbitro de Vídeo, que avisará ao apitador sobre erros capitais. Arnaldo Cezar Coelho, Leonardo Gaciba e Renato Marsiglia, comentaristas da TV Globo, são contrários à ideia.

– O que a CBF quer fazer, com um cara no alto tirando dúvidas, é brincadeira. A CBF, ao propor e levar isso à Fifa, quer desviar a atenção de erros que estão acontecendo nesse Brasileiro, muito por incapacidade profissional. O jogo vai demorar cinco horas – critica Arnaldo.

– É bobagem, pura e simplesmente bobagem. É para a CBF tentar acalmar os clubes dizendo que está fazendo alguma coisa. (…) A decisão é simplista e demagógica. A CBF está jogando para a torcida. Não tem nenhum respaldo legal, e a operacionalidade é quase impossível – concorda Marsiglia.

A ideia é que o Árbitro de Vídeo interfira em seis situações: se a bola entrou ou não; se a bola cruzou a linha de fundo em lances que resultaram em gol ou pênalti; definição sobre o local onde ocorreu uma infração próxima à linha da área, sendo pênalti ou não; gols e pênaltis ocorridos após lances claros de falta ignorados pela arbitragem; impedimentos em lances de gol ou pênalti; jogo brusco grave ou agressão física. 

Arnaldo, porém, acredita que a medida vai tumultuar as partidas. Ele cita um exemplo:

– O time vai atacando, tem um lance de pênalti, o juiz não marca, a defesa sai no contra-ataque, e aí o juiz para o jogo porque recebeu uma ordem para tirar a dúvida do lance que aconteceu. Imagina a confusão. Vira uma bagunça.
Gaciba cria uma hipótese parecida. E questiona se o futebol brasileiro está preparado para uma mudança tão radical.

– Eu gostaria da tecnologia para salvar árbitros, mas dizem que vão usar o princípio de não-interrupção. Aí caio na área, o time puxa um contra-ataque e sai o gol. Aí anula o gol? Volta o pênalti? O público está preparado para isso? É esse o futebol que queremos? 
Mais polêmicas

Na visão dos comentaristas, as polêmicas não acabarão com o possível uso do vídeo: apenas mudarão de parâmetro. Para eles, surgirão novos questionamentos: quem gerou as imagens, quais lances são passíveis de análise, quem deve ter a opinião soberana entre o árbitro do campo e o do vídeo.

– As pessoas estão achando que isso vai acabar com o erro no campo de jogo. Por exemplo, vamos analisar se o amarelo dado é amarelo ou vermelho? Aí vão questionar a decisão do árbitro do vídeo. Por que não existem dois árbitros em campo? Porque eles têm opiniões diferentes. Vi a CBF colocando que vão analisar lances próximos da área. O que é próximo? Se eu tenho o Éder, eu quero o vídeo mesmo um pouco mais longe, eu quero bater a falta – ilustra Gaciba.

Marsiglia lembra que mesmo lances analisados em vídeo geram dúvidas. Ele acredita que o futebol tem uma dinâmica diferentes de outros esportes – em que o uso de vídeo é frequente.

– Quem gera a imagem? Tem uma pessoa por trás disso. Aí uma emissora comercial vai gerar a imagem para o árbitro de TV? É um absurdo. Eles estão sem rumo. Em matéria de arbitragem, a CBF está sem rumo. A mecânica do futebol é diferente do vôlei, do tênis, nos quais a essência é parar e começar, usar o desafio. No futebol, tudo é feito no sentido de parar o menos possível. Isso quebra toda a mecânica do esporte. A arbitragem no futebol é de interpretação: aí pro árbitro do campo, não foi; pro da TV, foi. Quantos lances que passam na TV são vistos por seis pessoas  em uma mesa redonda e três acham que foi e outros três acham que não foi? 

GE

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