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Tite exalta conjunto e não descarta volta ao Timão

Técnico diz que não tem muita influência no bom momento e fala sobre Casemiro, critérios de convocação, entre outros

Por Campelo Sousa

26/10/2016 às 08h01

Tite não descartou um possível retorno ao Corinthians (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)

Quatro jogos, quatro vitórias e a liderança das Eliminatórias. Esse é o Brasil na ‘era Tite’. Mesmo assim, o técnico da seleção brasileira diz que não tem muita influência no bom momento da equipe.

Em entrevista ao Esporte Notícia, na Rádio Bandeirantes, na última terça-feira, o treinador fez questão de exaltar o conjunto de trabalho, principalmente os jogadores.

“Não foi por mim, mas sim por um conjunto de trabalho. Estava lembrando de quando eu era comentarista, analisava e pensava: o dirigente, o técnico pode passar o que acontece no bastidor, como é a relação, porque isso cria um vínculo do torcedor com o time, o jogador”, disse.

“Esses jogadores têm muito orgulho e muita responsabilidade. Eles também sentem, ficam emocionados. O torcedor também tem que entender que não é só profissionalismo”, complementou.

O treinador da Seleção ainda não descartou um retorno no futuro ao Corinthians, onde foi campeão brasileiro, da Libertadores e do Mundial de Clubes. “Nunca vou dizer que algo não deve acontecer. Eu não imaginava poder voltar ao Corinthians em 2015. Na bola e na vida tudo é possível”, concluiu.

Confira outros pontos da entrevista:

Trabalho na Seleção

Eu não tinha a experiência, estou me reinventando como técnico de seleção. Minha realidade era a do clube. Assistir futebol é fácil. Pesquisar e analisar exige, aprofunda os conceitos. Sem falar nas questões de relacionamento. Conversamos com o Real Madrid para falar sobre o Casemiro. Falei com Zidane, perguntei sobre a condição dele. O que se encaminhou na recuperação dos atletas. Ninguém está fazendo a toa. Pego todas as informações. Temos uma responsabilidade muito importante na conduta e nas avaliações.

Casemiro

Continua no mesmo estágio, o Real está cuidando dele. Não houve evolução, não trabalhou em campo. Ganhamos tempo. Dissemos que eles devem ficar tranquilos, aqui tem grandes profissionais e nós não vamos colocar em risco a saúde de ninguém para vencer jogos, independente da importância. Priorizamos essa melhoria.

Vantagens de treinar a Seleção Brasileira

O que você considera mais importante? Qualidade. Não conheci nenhum técnico que tenha tido sucesso sem a qualidade dos atletas. Traduzindo isso, vemos os três primeiros colocados do Brasileirão e vemos que são três grandes plantéis, com muitas peças de reposição. Isso é essencial. O trabalho do técnico é importante na avaliação de como o atleta deve atuar. Eu nunca tinha trabalhado com eles, não sabia como me portar, como usar a palavra com eles. Isso faz parte. Uma responsabilidade que até então assusta, é o Brasil todo. Quero me adaptar e ter uma boa parcela de participação.

Um ponto positivo e outro negativo neste cargo

Aquilo que de mais positivo é o carinho do torcedor, principalmente a garotada. Criança me toca. Quer me desmanchar? Coloque uma criança perto de mim. São muito puras e observam nossos exemplos. É um pouco do cara que torce e nisso podemos fazer algo melhor. Isso passa pela evolução das crianças. A seleção unifica tudo isso. Ao mesmo tempo, não imaginei que era tanta responsabilidade. Isso de se classificar para o mundial é pesado. Você precisa ser exigente o tempo todo, buscando todas as informações possíveis. Estou sempre falando com os técnicos brasileiros. Preciso estar muito bem informado. Quer ter o poder de decisão e conduzir bem.

Passagem como comentarista

Eu me lembro quando passo na frente da Vila Capanema. Quando fomos fazer a cobertura, não tinha cabine para a Rádio Caxias. Comentei sentado na arquibancada assistindo o jogo. Você tem que ter um nível de concentração muito grande durante uma transmissão. Eu estava aprendendo. Enxergar o outro lado e ver que críticas são do jogo, da vida. Isso não é contra mim, contra o atleta, a Seleção. Claro que existem níveis diferentes, mas é importante compreender. O ano tem 12 meses, minhas ofertas de trabalho eram para três. Eu não tinha a estabilidade financeira que eu tenho hoje.

Grupo fechado

Não necessariamente. Qual é a lógica? Eu não posso fazer uma convocação e, de repente, um que eu não utilizei que está bem no clube e eu não trazer. Tenho que trabalhar com cada um pelo menos duas vezes para analisar. Não ter critérios e não aprofundar não funciona. Temos uma série de bons goleiros, dentre eles o Diego. Não é interessante eu pegar o Muralha, com o Flamengo voando, e não dar a oportunidade de eu colocar ele para trabalhar várias vezes seguidas, e depois ir revezando. É preciso ter um critério mínimo de consistência. Em algum momento todos virão. Isso serve para outros atletas. Daqui a pouco o Scarpa, que está jogando muito, vai ter oportunidade, Jorge, do Flamengo, também terá oportunidade. Não está fechado, com grupo restrito.

Relação entre jogar bonito e vencer

Eu vejo dessa forma. Não sou saudosista, nem vejo o fato de beleza ser incompatível com resultado. São estágios que você busca. Você começa em um processo de construção e quando ela bate as melhores isso se assemelha a beleza. Em 2002 tinha momentos de muita eficiência e de beleza extrema, tinha jogadores de qualidade técnica impressionante. ‘Ah, mas se 82 não foi campeã, azar do futebol’. Aquela equipe tinha uma qualidade extraordinária. 2002 você também abre um sorriso. Associar o lado competitivo com o lado técnico é sim, uma marca do que eu busco como ideal.

Critérios de convocação

A gente procura analisar o momento dos atletas, onde eles já executaram e o que fazem nos clubes. Vai ser inevitável ser injusto com alguém. Se o Elias não tivesse se machucado, eu não sei quem seria o convocado. Nesse momento ele não está jogando, dificilmente ele vai buscar. Mas estamos monitorando. Quando Renato foi, ele correu um risco muito grande. Ele sabe disso. Assim como o Paulinho seguiu. Eu falei para ele tomar cuidado, tentar entrar em um nível alto, competitivo. e dar sequência. Uma equipe estabilizada aumenta o nível ou afunda. É um jogador que está na plenitude física, usa muito a força. Eu não posso convocar um atleta que não está na sua plenitude. Aqui são 7 dias, não treinamos e nem recuperamos, sou um selecionador mais do que qualquer coisa. Ele tem mais para dar, quem conhece sabe. O Renato Augusto manteve, inclusive, os níveis físicos. Isso me surpreendeu.

Talento individual

A grande força que nós temos é a qualidade individual dos atletas. O nível de concentração esta sempre voltado ao jogo. Quando você tem nomes como Neymar, Willian, Lucas Lima, Coutinho, deve se colocar: se eu estivesse do outro lado, colocaria marcação individual. Mantenha o nível de concentração alto que vocês vão estar sempre arrebentando. Deixando sempre o adversário preocupado. Do meio para frente, é importante ter esta consciência.

Histórico x Momento

O momento dele é fundamental, tecnicamente falando. O nível de confiança e as condições físicas também. Mas o histórico do atleta, dentro do clube e da seleção, também pesa. Os jogadores que produziram em alto nível dentro da Seleção ganham espaço. Mas estou sempre aberto ao momento dos clubes e o que os jogadores estão produzindo deles.

Melhores do mundo

É difícil. Não tenho minuciosamente os 30. Eu não sei quais os critérios, a revista que faz. É injusto comparar gerações diferentes (Messi, Ronaldo) com Neymar. No contexto geral, considero esses três tops. Não vejo Griezmann chegar nesse ponto. Com gerações diferentes, Neymar tem mais potencial para crescer. Os outros dois já atingiram o nível máximo.

Volta ao Mineirão

Nisso toda a imprensa já está me ajudando no sentido de encontrar naturalidade para isso. Você absorve e são novas páginas, novos momentos. Não posso carregar comigo a derrota por 7 a 1 e nem trazer vitórias passadas. Tudo é diluído. O foco é conseguir se classificar para o próximo mundial. Temosque manter o nível apresentado nos últimos 4 jogos. Estou acompanhando todos. Posso determinar titularidade, vejo se todos estão bem. Quero ter essa condição. Aconteceu há 2 anos, queremos agora fazer um bom jogo com um grande resultado. Mineirão não tem nada a ver com isso. Aconteceu, faz parte da vida. Queremos fazer um jogo grande com a Argentina.

O mesmo técnico do 7 a 1 foi o último campeão mundial. Quem está nos ouvindo tem que analisar o contexto. Taxar de uma situação ou de outra não é justo. Assumir pós-mundial é difícil. O que eu busco, e o que senti após a Copa, é que a classe se mexeu mais. Todos estão se atualizando e, quem pensa que futebol é sempre a mesma coisa, fica para trás. Quem está atrás de metodologia, formações e avaliações está tendo muito mais resultados.

Campeão Brasileiro

A próxima rodada é decisiva. Palmeiras e Santos e Flamengo x Atlético. Mantendo essa distância, está decidido. Fica muito difícil reverter. Se tiver uma aproximação, fica em aberto. É condicional. Em relação aos últimos três anos, é muito injusto opinar.

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