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Parentes de dirigente, torcedores da mesma rua… Quem são os sócios da urna suspeita do Vasco

Uma urna e, mais precisamente, o que existe nela, é o que vai dizer quem será presidente do Vasco nos próximos três anos.

Por Priscila Belmont

09/11/2017 às 09h19

Eleição do Vasco será decidida na Justiça por causa de votos suspeitos de irregularidade Foto: Terceiro / Agência O Globo

Quatro tábuas retangulares, um assoalho e uma tampa com fenda no meio, tudo feito de madeira. Uma urna e, mais precisamente, o que existe nela, é o que vai dizer quem será presidente do Vasco nos próximos três anos.

Na última quarta-feira, fomos atrás de alguns sócios do Vasco presentes na lista de 691 suspeitos de irregularidade. Deles, 474 compareceram à eleição na Colina e foram obrigados a votar na famosa urna 7. Um deles, que preferiu não se identificar, afirmou que não foi votar, mas que é sócio do clube há dois anos sem nunca ter arcado com nenhuma mensalidade.

Em Cascadura, uma rua com endereços próximos reuniu sócios do Vasco com diferentes ideologias. Mas todos admitidos no clube ao fim de 2015 e integrantes da contestada urna sete. Thiago de Souza Azevedo é um dos poucos que admitem ter votado em Eurico Miranda:

— Fui votar. Meu nome está assinado lá. Sou sócio desde 1992. Eu tinha cancelado, voltei em 2015. Votei no Eurico.

Rodrigo Braz dos Santos garante que votou em Fernando Horta. Funcionário de uma oficina de carros na Rua do Amparo, lembra que os torcedores veem jogos no bar em frente ao local e que boa parte é simpatizante de Eurico.

Roberto Ferreira dos Santos e Paulo Roberto Ferreira dos Santos, irmãos que vivem na mesma casa, também na Rua do Amparo, não foram votar pois estavam com familiares doentes. Marcelo Gonçalves, 45, também disse que votou em Horta — candidato que recebeu apenas quatro votos na urna em questão.

— A gente vê os erros e não pode fazer nada. Só se tornar sócio e votar contra. Sou sócio desde 2015. Depois que o Eurico entrou, virei sócio para tirá-lo — explica.

Três familiares do supervisor da base do Vasco, Nilson Gonçalves, aparecem na lista sub judice. O único telefone informado no cadastro é usado pelo próprio Nilson, aliado histórico de Eurico.

Segundo o dirigente, apenas um dos familiares na lista – sua sobrinha – foi a São Januário para votar na eleição presidencial de ontem:

– Na minha família todo mundo é sócio. Eu tenho 30 anos de clube. Desde que estou no Vasco, o pessoal também tem que ser Vasco.

Perdidos na confusão

Já Wescley Pereira da Silva ficou surpreso ao atender uma ligação da reportagem, que procurava um morador de São João de Meriti associado ao Vasco no fim de 2015.

– Nem conheço esse aí. Mas, já que você mencionou, sou sócio do Vasco – disse.

A surpresa cresceu quando foi informado que outros seis nomes associados ao clube em dezembro daquele ano — assim como o próprio Wescley, que ingressou perto do Natal — tinham o mesmo telefone cadastrado pelo Vasco. Quatro dessas pessoas moram no município da Baixada Fluminense, em rua próxima ao do endereço no cadastro de Wescley.

— Não conheço essa gente. Votei em Julio Brant e não sei por que me colocaram numa urna separada. Pago a mensalidade em dia, até adiantado — declarou o sócio vascaíno.

Outro eleitor de Brant, Achilles Nery disse que não se deu conta de sua presença na lista de sócios sub judice.

— Entrei com dois amigos. Eles foram direcionados para a esquerda, e eu fui para a urna do outro lado. Na hora, não achei nada demais — argumentou.

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