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Relatório tem 99% das notas de juízes entre boas e excelentes na Série A

Documento da CBF conta com só cinco partidas com avaliação entre 6,0 e 6,9: "A arbitragem não é tão ruim quanto falam", diz o presidente da Conaf, Sérgio Corrêa

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11/12/2014 às 11h00

Diminuição de notas aceitáveis e aumento de notas ótimas e excelentes de 2013 para 2014

Nota 8,44. Esta é a alta média dos árbitros que atuaram no Campeonato Brasileiro da Série A, encerrado no último final de semana. Seguindo a escala de notas da Comissão Nacional de Árbitros de Futebol (Conaf), o resultado é considerado "ótimo", bem próximo do "excelente" – atribuído aos diagnósticos acima de 8,9. As avaliações vêm de relatórios internos produzidos por ex-árbitros – chamados de assessores pela Conaf – em todos os jogos da Primeira Divisão do futebol brasileiro. No relatório, 98,66% das arbitragens foram consideradas "boas", "ótimas" ou "excelentes", e apenas 1,34% dos juízes receberam notas "aceitáveis", categoria que fica entre 6,9 e 6,0. As análises estatísticas estão disponíveis no site da CBF e são o ponto de partida da série do GloboEsporte.com sobre a arbitragem brasileira (veja infográfico no fim do texto).

O Brasileiro da Primeira Divisão terminou sem uma nota de juiz ser avaliada como "ruim" – ou seja, com nota abaixo de 6,0. Houve quatro notas 10,0 para árbitros e duas para assistentes. A nota média final dos juízes ficou em 8,44, enquanto dos assistentes, em 8,33. A média geral das notas das avaliações, incluindo árbitros e assistentes, é de 8,36 na Série A deste ano. 

– A arbitragem não é tão ruim como vocês falam – defende Sérgio Corrêa, presidente da Comissão Nacional dos Árbitros de Futebol (Conaf) da CBF, em entrevista realizada há uma semana na sede da entidade máxima do futebol brasileiro, na Barra da Tijuca.

O presidente vai além:
– A análise (da arbitragem) não é feita sobre o erro. A falha pode não interferir no resultado da partida – explica o presidente da comissão. 

Sérgio Corrêa, porém, cita exemplos de casos que causaram prejuízos nos resultados e que receberiam notas abaixo de 7,0: a final da Copa do Mundo de 1966, quando a Inglaterra venceu o Mundial com uma bola que não entrou, e a decisão do Carioca deste ano entre Flamengo e Vasco, quando um gol rubro-negro em impedimento decidiu o título. 

– Nem tudo é muito ruim e nem tudo é muito bom. Há margem de erro como em qualquer atividade do ser humano. Geralmente até 5% das arbitragens são ruins, da mesma forma 5% são excelentes. O restante fica ali no meio, entre bom, regular, aceitável, muito bom, ótimo…

A cada nota abaixo de 7,0, o presidente da Conaf recebe uma mensagem no celular. Em 2014, em todas as competições organizadas pela CBF, em apenas 32 partidas os árbitros receberam notas abaixo de 7,0, num universo de quase 1.400 jogos avaliados. Na Série A, foram apenas cinco partidas com notas entre 6,9 e 6,0. Nestes casos, cada vez mais raros na avaliação interna feita pela CBF, o juiz é afastado por 30 dias das competições. 

Antes do afastamento – que não é tratado como punição, mas como uma reciclagem aos árbitros -, a comissão ainda se reúne para verificar se a nota baixa foi justa ou não. Há, portanto, uma nova checagem da nota enviada pelo assessor e também um direito a defesa do árbitro para contestar a má avaliação recebida em determinado jogo. 

– É uma lenda essa história de que não há punição ao árbitro. Não divulgamos porque temos que proteger a pessoa. Imagine: o árbitro, que é o mais "fraco" em campo, vive fase ruim, como qualquer um de nós tem todas profissões, então vamos ficar dizendo que ele errou e que vai ficar 30 dias fora? Como esse cara volta depois? Ele é ser humano, precisa de motivação, de autoestima – diz Correia, ressaltando, porém, que "claro" que a comissão faz as cobranças internas e toma as devidas providências no afastamento temporário dos árbitros.

Um dos árbitros mais experientes do Brasil, Heber Roberto Lopes foi afastado após o erro no empate por 1 a 1 entre São Paulo e Internacional no Morumbi. No jogo, Heber falhou ao validar gol do Internacional em impedimento. Foi a última das 21 partidas em que o catarinense de 42 anos trabalhou nesta temporada – ele ficou de fora das últimas três rodadas do ano. 

Globo Esporte

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