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Vitória do Chile levará caravana de mil veículos de São Paulo a Fortaleza

Depois de percorrer mais de 7 mil quilômetros entre Santiago e São Paulo, a caravana com mais de mil veículos chilenos que acompanha os jogos do Chile na Copa do Mundo se prepara para cair na estrada novamente. Desta vez, a aventura poderá levá-los a cruzar o Brasil, num percurso de mais de 3 mil […]

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23/06/2014 às 09h56

A aventura poderá levá-los a cruzar o Brasil, num percurso de 3 mil quilômetros (Foto: imprensa)

Depois de percorrer mais de 7 mil quilômetros entre Santiago e São Paulo, a caravana com mais de mil veículos chilenos que acompanha os jogos do Chile na Copa do Mundo se prepara para cair na estrada novamente.

Desta vez, a aventura poderá levá-los a cruzar o Brasil, num percurso de mais de 3 mil quilômetros – ou quatro dias – até Fortaleza.

A próxima etapa da Caravana Santiago – Brasil 2014 será decidida na Arena Corinthians nesta segunda-feira, quando o Chile disputa com a Holanda o primeiro lugar do grupo B.

Em caso de derrota, o comboio com mais de 3 mil chilenos segue para Belo Horizonte para ver "La Roja" jogar as oitavas de final. Mas, se vencer, seu destino será o Nordeste do Brasil.

Eles não contam com condições ideais de conforto e higiene, mas por enquanto não reclamam. Viajando pelo Brasil de carro desde o país vizinho, os participantes da caravana já conquistaram muitos brasileiros e transformam todos os lugares por onde passam em uma grande festa.

Uma multidão de barracas espalhadas pelo chão, toalhas e roupas penduradas em todo o lugar, banheiros improvisados, música alta, bastante bebida e muita diversão – o cenário da caravana chilena lembra o de jogos universitários, quando estudantes vivem um "universo paralelo", dormindo em barracas ou sacos de dormir, à base de muita bebida, em uma grande festa que dura os quatro ou cinco dias de um feriado.

Mas para esses chilenos, a festa já durou muito mais e, se depender deles, só terminará no dia 13 de julho, com o Chile na final.

7 mil km percorridos

Tudo teve início no dia 7 de junho, quando milhares de chilenos de todas as partes do país se juntaram em comboio, atravessaram a Argentina e entraram no Brasil por Foz do Iguaçu.

De lá, foram a Cuiabá (onde o Chile estreou na Copa contra a Austrália no dia 13), Rio de Janeiro (para o jogo do dia 18, contra a Espanha) e agora estão em São Paulo, somando por enquanto mais de 7 mil quilômetros percorridos.

"É uma experiência única. Conhecemos muita gente, o Brasil é um país maravilhoso. Está sendo uma grande festa. Aliás, onde é a festa hoje aqui em São Paulo?", perguntou à BBC Brasil o jovem Gonzalo Salinas, de 25 anos, que veio com outros dois chilenos na "caravana" do amigo Michel Díaz, o motorista do grupo.

Jovens, adultos e até crianças viajam em carros, vans, trailers e ônibus. Uma ambulância acompanha o grupo para eventuais emergências. Em cada cidade onde o Chile joga há um lugar reservado para eles, literalmente, montarem acampamento com toda a segurança de que precisam.

Os organizadores da Caravana mobilizaram esforços junto às prefeituras e conseguiram a liberação de espaços para abrigar a multidão chilena, que é vigiada de perto pela Polícia Militar. 

Em Cuiabá, os torcedores chilenos ficaram no Estádio Municipal da cidade. No Rio de Janeiro, conseguiram um espaço em Itumbiara, mais distante do centro da cidade. E em São Paulo, eles começaram a chegar no último domingo, onde estão "hospedados" no Sambódromo do Anhembi.

"Aqui temos tudo, só falta o samba", brincou Rúben Castro, um dos "cinquentões" da Caravana, que trouxe seu filho e alguns amigos para a viagem.

Samba eles realmente não tinham, mas a música chilena chamava a atenção no carro ao lado, de um grupo mais jovem, que assava seu churrasco e esquentava a noite paulistana com vinho chileno. Cerveja também tinha de sobra: a única coisa em falta, segundo eles eram mujeres.

"É o único problema dessa caravana. Tem muito homem", reclamou Gonzalo, aos risos.

Jogos

Pagando 55 mil pesos chilenos para utilizar os acampamentos da Caravana – o equivalente a R$ 220 -, muitos torcedores se aventuraram na viagem sem ingressos para os jogos. Eles estão tentando a sorte às vésperas das partidas. 

A estratégia tem sido ir ao estádio um dia antes ou chegar no dia da partida com bastante antecedência para tentar obter uma entrada. 

Herman Molina foi um dos sortudos que conseguiu comprar em cima da hora ingressos para os jogos contra a Espanha, no Maracanã, e contra a Holanda, nesta segunda-feira, na Arena Corinthians. Ele pagou R$ 2 mil pelo primeiro e R$ 1,5 mil pelo segundo.

"Foi um preço OK. Achei barato. 500 mil pesos chilenos só no Maracanã e aqui ainda paguei menos", afirmou à BBC Brasil.

Outros participantes da Caravana, porém, acharam muito caro os valores pedidos pelos ingressos e preferem aproveitar a Copa sem estar nas arquibancadas. Na hora do jogo, eles se aproximam do estádio para curtir o "clima" do lado de fora e depois assistem à partida em outro lugar nos arredores ou na fan fest.

'Rock stars'

Sempre embalados pelo canto que já ficou famoso nas ruas brasileiras – "Chi-chi-chi-lê-lê-ê, Viva Chile" -, os chilenos fazem sucesso por onde passam.

No último domingo, enquanto Chile e Holanda treinavam na Arena Corinthians, do lado de fora os torcedores sul-americanos se tornaram a "atração" para muitos brasileiros, que posavam para fotos ao lado deles e prometiam sua torcida para o jogo desta segunda.

"Os brasileiros nos adoram. No Rio de Janeiro, estávamos no metrô e todos pediam para tirar fotos. Até perdemos a estação que tínhamos que descer para atender a todo mundo. Somos como um 'rockstar' aqui", contou Herman.

A "química" entre chilenos e brasileiros tem ajudado a vencer dificuldades como estradas com pistas de má qualidade e falta de sinalização. Muitos participantes da caravana viajam sem GPS nem mapas, dependendo apenas de placas para se localizarem. Mas eles destacam a solidariedade dos brasileiros dispostos a ajudar.

"Se falava muito antes que o Brasil é perigoso, que vocês vão ser roubados, que a Copa vai ser um desastre. Mas até agora, nada disso aconteceu. Está tudo maravilhoso, o Brasil é um país lindo, com um povo fantástico. Não tivemos nenhum problema", ressaltou Neftalí Barría.

Se estão cansados? "Um pouco, mas não há cansaço para torcer por La Roja", sentenciou Rúben Castro.

Fonte: BBC Brasil 

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