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“Oposição” a grupo de Ronda, Bethe defende ousadia: “Vou fazer história”

Brasileira, que bateu Duke e vai encarar Shayna, critica musa por "confundir lado pessoal e esportivo" e chama Shafir de "café com leite"

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16/05/2014 às 11h03

Bethe Pitbull provoca: 4 menos 1 (Foto: UFC)

Uma nordestina "arretada" tem ganhado espaço na mídia por conta do que vem aprontando no MMA. Nascida em Campina Grande, Bethe "Pitbull" Correia hoje mora em Natal e treina na academia dos irmãos Patricio e Patricky Pitbull, de onde vem o apelido que ganhou. Após seis lutas e seis vitórias em eventos no Brasil, ela chegou ao UFC no fim do ano passado e acumula dois triunfos na organização, sobre Julie Kedzie e Jessamyn Duke. Em meio a este útimo, em abril, Bethe enxergou a oportunidade de ganhar ainda mais notoriedade e criou uma rivalidade com as "Four Horsewomen" (algo como As Quatro Amazonas, em português), grupo de amigas e parceiras de treinos liderado por Ronda Rousey e do qual também fazem parte Shayna Baszler, Marina Shafir e a própria Duke. Logo após conquistar o triunfo, a brasileira olhou para a câmera e mostrou os quatro dedos, abaixando um deles na sequência. A provocação, segundo ela, foi motivada por uma reação da atual campeã dos galos (até 61kg):

– Acompanho a carreira da Ronda e via que elas são as Four Horsewomen. Elas sempre fazem muita propaganda disso, virou uma marca delas. Fazem até eventos, seminários com essa marca. Quando eu estava fazendo o camp para enfrentar a Jessamyn Duke, os fãs me marcavam no Twitter dizendo que eu iria perder do grupo. Teve muita provocação. Quando eu já estava nos EUA, conversando com meus treinadores, eles até brincavam que minha dieta lá estava sendo feito à base de carne de cavalo, porque são as quatro amazonas. E eu dizia que uma eu iria vencer naquela semana, e ficariam faltando só três. A ideia surgiu assim, brincando entre a gente. Aí no final da luta, eu cumprimentei as meninas, e a Ronda estava na grade. Quando fui me aproximando dela, ela virou e saiu. Vi que ela me olhou. Pensei: "Nossa, que educação". Quando me virei, a câmera estava na minha frente e fiz esse gesto. Vi a oportunidade e fiz – disse, em entrevista ao Combate.com

Bethe alimentou a rivalidade e viu resultado, já que o UFC marcou um duelo entre ela e mais uma integrante do grupo: Shayna Baszler. As duas vão se enfrentar no dia 2 de agosto, em Los Angeles (EUA). Era o que a brasileira precisava para se definir de vez como "oposição":

– Ficou bem claro na minha última luta que sou da oposição ao grupinho. Todo esporte tem as suas rivalidades. Existe essa rivalidade, sim. Esse grupinho acha que manda, e tive a oportunidade de lutar contra uma delas. Elas se gabavam demais nas redes sociais, e consegui vencer a Duke. Isso fez com que atiçasse mais a ira da Shayna, que é uma parceira forte delas. E isso também fez com que surgissem muitos comentários da minha parte, da parte delas e dos fãs. Tanto os fãs que me apoiam como os que apoiam o grupinho queriam essa luta. Então, eu adorei. Adoro emoções e lutas que instigam. Essa vai ser uma luta bastante instigante.

Bethe se diz muito faladeira e sincera, e na academia até ouve alguns comentários de que às vezes fala demais. Ela conta que sempre responde o que realmente pensa e quer que os outros gostem dela pelo que é. A lutadora acredita que falta ousadia no MMA feminino, coisa que ela tem de sobra:

– No MMA feminino, principalmente no UFC, tem poucas meninas ousadas. Acho que as mulheres têm medo da Ronda, não sei por quê. Elas aparentam ter medo, não todas, mas algumas aparentam ter medo de desafiá-la, de atingir esse grupo. A questão de eu estar ganhando e fazendo lutas boas faz com que associem minha imagem à de uma boa atleta, que tem coragem e não tem medo de lutar com ninguém. Se for preciso desafiar, desafia. Eu realmente não estou de brincadeira. Se estou no UFC, estou para fazer boas lutas, dar bons espetáculos. Quero que o povo tenha interesse por mim, porque isso é um trabalho de espetáculo, né? Quero que o povo me veja, me assista. O que for preciso para o povo querer me ver, vou fazer. Treinar duro eu já treino demais. Quero que o Brasil tenha muito orgulho de mim. E tem muita gente que não gosta delas. Esse povo que não gosta delas simpatizou comigo, gostou da minha atitude.

Antes mesmo de o duelo entre Bethe e Shayna ser marcado, Ronda Rousey disse ao podcast "The Fighter & The Kid" que gostaria de ver as duas se enfrentando e que, em caso de vitória da brasileira, passaria a ser interessante ela própria encará-la. Bethe, claro, sonha com o cinturão do UFC, mas prefere dar um passo de cada vez. Para isso, confiança não vai faltar:

– Meu foco agora é a Shayna, é pegar a segunda amiguinha dela, a segunda amazona. Meu foco é esse. Quero a cabeça da Shayna. A Ronda é mais para frente. Tenho o sonho de ser campeã. Entrei no UFC não para ser só mais uma lutadora. Vou fazer história. Não estou dizendo que eu quero, estou dizendo que eu vou. E eu quero, sim, ser a campeã. Vou buscar meu espaço, vou lutar por isso. Agora meu foco é a Shayna, vamos uma luta de cada vez. Vou lutar contra ela e vou vencê-la, porque sempre aposto em mim. Não entro pensando que vou perder de forma alguma. Se, depois disso, eu tiver a oportunidade de ir lá e pegar o cinturão, eu vou. Esse é meu sonho e, se a porta abrir, vou entrar. Não vou recuar.

A nordestina colocou Shayna Baszler e Jessamyn Duke em níveis semelhantes e tirou sarro da quarta integrante do grupo, Marina Shafir, que não faz parte do plantel do UFC e tem apenas uma luta profissional de MMA – uma vitória:

– A Marina, para mim, é café com leite. É uma iniciante, só tem uma luta de MMA, não faz parte da grade do UFC. Em brincadeira de criança sempre tem um café com leite na história, então ela é a café com leite, não conta. A Duke e a Shayna são lutadoras de estilos diferentes. Não sei dizer qual é a melhor. E lógico que a Ronda é a mais técnica, é a melhor delas.

MMA - UFC 172 - Bethe Correia x Jessamyn Duke (Foto: Getty Images)Bethe (à esquerda) venceu Jessamyn Duke em sua última luta (Foto: Getty Images)

Em relação a Ronda Rousey, Bethe afirmou que até admira a sinceridade dela, mas acredita que a campeã acaba misturando o lado pessoal com o esportivo e a criticou por isso:

– Acho que ela confunde o pessoal com o esporte. Sinceramente, acho que ela é uma super mal-educada, mas ela é sincera e tem personalidade. Só que mistura um pouco o pessoal com o esporte, e vira um sentimento só. Se ela não vai com a tua cara, ela não fala contigo mesmo. Tem picos de sinceridade. Eu acredito que até os inimigos merecem respeito. Com ela não tem isso. Se ela não gosta de você, não te respeita. Como pessoa, não conheço como ela é. Mas no meio esportivo é assim que ela aparenta ser. Posso dizer que não tenho um pingo de vontade de ser amiga dela (risos).

Fonte: Globo Esporte 

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