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Jogador Neto volta à Chapecoense e declara drama de acidente: ‘Ou encaro ou me afundo na depressão’

De muletas, zagueiro compareceu à apresentação da reformulada equipe e contou as dificuldades que enfrenta para superar o trauma vivido na Colômbia

Por Campelo Sousa

07/01/2017 às 09h01 • atualizado em 06/01/2017 às 21h44

Zagueiro Neto concedeu entrevista coletiva na reapresentação da Chapecoense (Foto: Chapecoense)

O zagueiro Neto, um dos seis sobreviventes do acidente aéreo na Colômbia, compareceu à apresentação do elenco da Chapecoense nesta sexta-feira. O retorno ao futebol ainda é um objetivo distante para o atleta, que chegou à Arena Condá nesta manhã de muletas. Mas Neto optou por estar junto de seus novos companheiros para tentar deixar o luto para trás.

“Tenho que encarar, não tenho para onde correr. Ou encaro, vou representar aqueles caras como merecem, ou me afundo na depressão. Eu lembro das coisas como aconteceram até a batida do avião. Está muito fresco na minha mente ainda”, contou o jogador, último sobrevivente a ser resgatado, cerca de oito horas depois da queda do avião.

“É uma situação muito diferente da que sempre vivi. (…) Tenho algumas lesões importantes. Uma hora ou outra ia ter que vir para cá. É duro, tinha gente que conhecia desde os 17 anos, pessoas que me ajudaram. Mas tem uma hora que a gente tem que encarar a realidade”, completou, em entrevista coletiva.

Apesar da boa evolução física, a recuperação não está sendo nada fácil para Neto. Ele explicou que ainda tem dificuldades psicológicas para lidar com o acidente, uma vez que só ficou sabendo do ocorrido dias depois de ser acordado. Além disso, ainda sofre com lesões que limitam suas atividades diárias.

“Quando eu falo que estou um caco, minha esposa fala que eu não me vi antes. Para mim, eu estou muito mal. Não era para eu estar aqui. Tenho quase 10 quilos para recuperar ainda. Eu me sinto frágil, lesão no pulso. Ninguém imagina estar em uma situação dessas. Eu não sabia nem ficar em pé e engolir comida. Quando entrei no chuveiro pela primeira vez, parecia o mar do Caribe de tão bom”, contou.

Neto também comentou sobre a diferença de tratamento que tem sentido dos torcedores da cidade. “Muita gente veio me dar um abraço, dizer que eu estava vivo. A gente agradece o carinho de todos. Alguns eu não conheço, mas eles me conhecem. Quero ajudar o clube de alguma forma. Estando aqui, acho que posso agregar de alguma forma para quem está chegando. Me viam como ídolo, agora me veem como um milagre, não acreditam que eu sobrevivi. Nossa vida é assim, uma luta constante.”

Com a recuperação evoluindo bem, o prognóstico é de que Neto possa voltar a atuar em cerca de 120 dias. O desejo do jogador é este, mas antes ele quer deixar para trás de vez os traumas do acidente. “Primeiro tenho que recuperar minha saúde, minha mente, vir aqui é o que vai me dar força. Eu fiquei 10 dias apagado, em coma, então para me contarem a verdade foram mais 5 dias. 15 dias depois eu não sabia de nada. Para mim está sendo tudo meio novo.”

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